Já reparou como ninguém consegue ficar parado ao ouvir uma música, qualquer que seja seu ritmo? Em um primeiro momento, pode-se apenas escutar. Pouco depois, já se sente o pulsar do som, que parece ecoar dentro do corpo. Mais alguns instantes e vem a vontade de fazer um movimento, pequeno que seja. Pronto. A música acabou de tomar conta de toda estrutura física e mental. Acontece a comunicação não-verbal.
O instrumento da musicoterapia, como o nome já diz, é exatamente a música e todos os elementos que a constituem: o ritmo, a melodia e a harmonia. A partir dessa invasão musical, é possível trabalhar com as sensações, a psicomotricidade, o emocional, enfim, com o corpo e a mente de adultos e crianças.
A musicoterapeuta Márcia Godinho explica que, em crianças deficientes ou com problemas emocionais, a música age em três níveis: biológico, psicológico e social. “O som é capaz de promover estímulos e alcançar o ponto onde a linguagem verbal muitas vezes não consegue chegar.” Em crianças hipertónicas, ou seja, rígidas (devido a uma paralisia cerebral, por exemplo), o som proporciona relaxamento, que faz cessar a dor e torna o movimento (com o auxílio do terapeuta) mais harmónico. Também equilibra o ritmo e a respiração, ajudando mais ainda no controle físico. Com música e movimento, o pequeno adquire autoestima, confiança e sente prazer.
Se a criança consegue cantar, é sinal de que já ordena determinadas estruturas psíquicas, pois o canto exige diversas associações mentais. As oscilações sonoras também auxiliam os pequeninos com problemas de fala. Mas todos esses processos só ocorrem se houver um entrosamento entre a criança e o musicoterapeuta.
“É importante traçar o retrato sonoro da criança, descobrir qual seu estilo de música preferido, para que possa ser estabelecida uma comunicação terapêutica”